Aos leitores: para compensar o atraso publico os capítulos 8 e 9, o resto vem em Janeiro.
Abraços do Mané.Boas Festas e um excelente Ano Novo, com dias melhores para todos nós.
Capítulo 8 – Gente do bem, gente
do mal
“Que Deus me proteja dos meus
amigos. Dos inimigos, cuido eu”. Voltaire
Dias melhores supõem a
capacidade de se ter uma boa perspectiva do que virá. Pensar de modo positivo e
confiante pode ajudar muito no modo como vamos avaliar os fatos dos nossos
dias. Mas é fundamental lembrar que ser positivo e confiante não tem nada de
ingenuidade ou de alienação.
Precisamos levar sempre
em conta que nem todas as pessoas com quem vamos ter algum contato ou relacionamento são
exatamente boas ou justas.
Considerar os componentes
do pessimismo, da maldade e mesmo da inveja pode contribuir muito para as
estratégias a serem adotadas para um bom convívio em todos os aspectos. É
saudável reconhecer o mais rápido possível o grau de dificuldade que cada
relação exigirá de nós. Uma leitura atenta do perfil das pessoas pode prevenir
muitos contratempos.
Certa vez, em um almoço
com amigos, fomos apresentados a um amigo do amigo, que mostrava nas
expressões, certa austeridade, apesar da pouca idade. Esse amigo revelou em um
determinado momento que considerava os direitos humanos um excesso de capricho
burguês. Ao ouvir essa declaração, qualquer humanista poderia se colocar na
discussão a partir de uma posição contrária.
Pensei honestamente em
dizer algo sobre isso, mas avaliei duas coisas que me fizeram mudar de ideia.
Primeiro entendi que o sujeito estava sendo apresentado a muitas pessoas que
não conhecia, queria então marcar uma posição, imagino que para isso tenha até
exagerado na opinião que emitiu. Além disso, qualquer debate desse tipo é
infrutífero, pois o ambiente deve ser de descontração e, tópicos polêmicos
podem esperar por um momento mais oportuno.
Por fim, decidi que não
valia a pena contestar o que ele havia dito, limitei-me a acrescentar que há
diferentes situações e que todas devem ser pensadas com o devido cuidado. O
homem concordou e passamos a discutir a melhor forma de se preparar uma costela
assada.
Esse
alerta sugere apenas que devemos considerar esses elementos, não significa que
devemos nos afastar ou desconfiar imediatamente de pessoas com perfis menos
positivos. Muito menos deixar de dizer o que pensamos. Cumpre lembrar uma frase
sempre dita por um amigo: “Mais vale ser gentil que estar com a razão”.
Dá
até para pensarmos em termos de um mantra:
“Mais
vale ser gentil que estar com a razão”
“Mais
vale ser gentil que estar com a razão”
“Mais
vale ser gentil que estar com a razão”
Aliás, vale pensar antes
de tudo que aquilo que entendemos como maldade, na maioria das vezes decorre da
ignorância ou da insegurança das pessoas, em conformidade com seu estágio de
amadurecimento intelectual, afetivo e espiritual. Uma pessoa excessivamente
vaidosa pode ser extremamente insegura quanto à imagem que os outros fazem
dela, assim como aquilo que entendemos como inveja pode simplesmente ser uma
angústia de não se sentir capaz de alcançar aquilo que outros já conseguiram.
Com uma prática
persistente podemos ler por trás da aparência da atitude e descobrir que com a
ajuda ou orientação apropriada alguém que nos intimida pode se tornar alguém
mais realizado e, o que é melhor, alguém motivado a acreditar mais em si mesmo
e, principalmente, nos outros.
Mas o leitor deve se
perguntar intimamente se não há aqueles maus de verdade, cujos sentimentos são
acinzentados, cujas mágoas podem ter convertido qualquer expectativa em uma
visão pessimista e amarga de tudo aquilo que a vida pode oferecer. Todos já
cruzamos com alguém assim. O “olho gordo”, a inveja que traz energia negativa e
destruidora.
É fácil encontrar alguém
assim. Para alguns, as marcas das experiências ruins são gravadas tão fundo e
seus danos são tão intensos, que pouco podemos fazer para interagir em uma
esfera mais íntima. Nesses casos, vale um outro velho ditado chinês: “Quando
não puder fazer algo efetivamente por alguém, ore por essa pessoa, pois Deus
pode ouvir sua prece e fazer por ela o que você gostaria, mas não pode”
De modo geral,
reconhecemos logo pessoas que buscam o lado luminoso de tudo que as cercam e
pessoas uma pouco mais difíceis, sofridas, desconfiadas, que necessitam de um
porto muito seguro para atracarem suas frágeis embarcações. O que fazer diante
dessas pode variar de uma exposição sincera de suas intenções até um
distanciamento seguro para não sugerir invasão do espaço seguro que elas
necessitam.
Recordo uma experiência
que tive durante os anos de faculdade, quando estava em um congresso em São
Paulo. Nessa ocasião fui abordado por um professor mais velho, de Minas Gerais,
desconfiadíssimo, que me perguntou onde havia um hotel barato para alguém com
pouco dinheiro. Ofereci levá-lo até onde eu estava hospedado, uma pensão
bastante simples, mas confortável e barata.
O homem perguntou sem
hesitar se eu não tinha intenção de roubá-lo, assim mesmo, sem nenhuma figura
de linguagem, um eufemismo como “Posso mesmo confiar em você”. Fiquei
constrangido e tive vontade de deixá-lo falando sozinho. Mas por um instante
pensei que a ofensa nascera da sua insegurança – soube depois que era a primeira
vez que esse interiorano estava na Grande São Paulo – pois eu também fora
instruído a desconfiar de tudo e de todos.
Disse-lhe que sendo um
aluno e futuro professor eu poderia ser pobre e até passar por necessidades,
mas roubar alguém estava fora de cogitação, por razões óbvias: eu estava me
preparando para ajudar jovens a formar suas noções de ética e responsabilidade
social. Como poderia então roubar um outro professor, que teria objetivos tão
parecidos?
Ele corou sinceramente,
desculpou-se por seu excesso de zelo e acompanhou-me, mais aliviado, até o
hotel.
Entretanto, não é sempre
assim. Há casos em que existe a má intenção. De enganar, iludir, superar ou
pelo simples prazer de fazer o outro passar por situações embaraçosas. Quando
lidamos com gente de mau caráter, a melhor política é não deixar que essa
pessoa saiba que sabemos de suas reais
intenções.
Como diz muito bem
Guimarães Rosa, “Sábio foi Ulisses, que se passou por louco”, referindo-se ao
episódio em que o herói grego diz ao gigante Cíclope que seu nome era Ninguém.
Dessa forma, quando foi cegado pelo grego, o gigante gritou desesperadamente para
seus irmãos “Socorro, Ninguém me machucou, Ninguém furou meu olho!”. Dá pra
entender por que os irmãos não vieram em seu auxílio?
Quando estamos expostos a
gente inescrupulosa, é muito útil à nossa sobrevivência que achem que não somos
“ninguém”. Não atrair para si sentimentos ruins é uma boa forma de ter dias
melhores.
Meu pai, na sua rudeza,
ensinava aos filhos, quando estes iam para algum lugar que desconhecíamos: “Em
lagoa que tem piranha, o jacaré nada de costas”. Valeu pai!
Enfim, vale manter em mente
uma ideia bastante simples e válida quando esperamos por dias melhores: Quando
alguém nos engana pela primeira vez, o erro é de quem nos enganou, mas quando
essa mesma pessoa nos engana pela segunda vez, aí o erro é nosso.
Desculpar uma traição ou
uma trapaça sofrida não deveria nos expor a uma segunda ocorrência. Perdoar nos
livra do peso do malfeito, mas é fundamental aprender a esquivar-se dos maus.
Última observação
Eu não poderia terminar
esse capítulo sem tocar num ponto muito especial que está diretamente ligado à
nossas vidas e às vidas daqueles que amamos. Há uma estatística no Brasil pouco
conhecida mas que deveria ser motivo de cuidados: a maioria absoluta de mortes
violentas – homicídios e acidentes – envolve vítimas entre os 15 e os 25 anos.
Temos que concordar que
uma tragédia é sempre mais marcante quando envolve alguém de pouca idade. Esses
jovens têm pais, amigos e irmãos que sofrerão imensamente a sua perda. Se
descontarmos as fatalidades e os reveses do acaso que respondem por parte dessas
mortes, restarão outros fatores de risco para nossos jovens que poderiam ser
evitados.
Lembro de minha juventude
e de quantas vezes eu ouvi os famosos “Não
levo desaforo para casa” e “Não engulo
sapo”. Por motivos diversos – álcool, disputas amorosas, disputas por
território, brigas de torcidas e confusões em clubes noturnos – um jovem pode
se ver na situação de ser provocado.
Uma provocação pública
leva a uma questão de preservar sua imagem no grupo. As coisas podem se
complicar muito quando o passeio termina em um “racha”, quando a alegria do
campeonato se converte em pancadaria e quando uma garota legal acaba gerando
uma ameaça de morte.
É melhor levar um
desaforo que uma facada ou um tiro. Engolir um sapo pode ser muito mais
interessante que ser socorrido às pressas a um hospital ferido de morte.
Nunca saberemos a
história dos outros, não conheceremos os reais motivos das agressões que
poderemos vir a sofrer. Podemos ser apenas mais um dos descontentamentos ou
frustrações que alguém esteja colecionando naquele dia. Podemos ser e
geralmente somos o menor problema na vida de quem nos agride, mas o fato de
estarmos mais perto pode fazer de nós um alvo mais fácil, um destino certo da
fúria do outro.
Nunca revide agressões,
que podem e devem ser ignoradas. Tenha a certeza de que, ao desviar-se de um
desafio ou uma provocação, podemos estar de fato dando ao outro a chance de
evitar uma tragédia que atingirá a todos. Recomendo a leitura do conto O
Burrinho Pedrês, de Guimarães Rosa, incluído no livro Sagarana, em que o leitor descobre que,
numa correnteza muito forte, o mais sábio é não se mexer. Desviar dos
obstáculos pode ser o melhor modo de passar por eles.
Uma vez ouvi de um
estranho que a frase mais dita pelos idiotas antes da morte é “Atire, se for
homem”. Bem explicado.
Capítulo 9 – O medo de sentir medo
"Porque há para
todos nós um problema sério...Este problema é do medo." A. Cândido
“Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são
poucas:
Carteiro, ditador,
soldado.
Nosso destino,
incompleto.
(...)
E fomos educados para o
medo.
Cheiramos flores de
medo.
Vestimos panos de medo.
(...)
Nossos filhos tão
felizes.....
Fiéis herdeiros do
medo,(..)” C. Drummond de Andrade
Simples como poucas
coisas em nossa vida, o medo nos acompanha desde o nascimento. Um obstetra me
sugeriu uma vez que para termos de novo a experiência do nascimento
precisaríamos ficar de olhos vendados por uma semana, depois abriríamos os
olhos contra a luz do sol ao mesmo tempo que mergulhássemos em uma banheira com
água gelada, pois essa seria a sensação que se aproxima do nascer. Obviamente
temos medo.
Quando bebês, estando de costas e braços abertos, temos a
impressão de que vamos cair. Somente com os braços juntos do corpo essa
sensação desaparece. Com o passar do tempo esses medos desaparecem e dão lugar
a outros, muito piores.
Seria inútil relatar toda
espécie de medo que já se sentiu em todos os momentos da vida, desde o medo de
morrer até o medo de perder aqueles que amamos pela morte. Ficar sozinho e
doente, perder o emprego e incontáveis outros temores que nos assombram a cada
dia.
Sobre isso vale uma
reflexão. A maioria de nossos medos estão ligados a uma mudança de estado que
nem sempre é objeto de medo em si .
Conforme crescemos, vamos tendo acesso a diferentes configurações de realidade
que promovem desafios, esses desafios geram incertezas, naturalmente, e as
incertezas, essas sim respondem diretamente pelos medos que sentimos.
O medo não decorre,
então, dos objetos do medo. Uma casa velha, um bosque sóbrio, a noite, um uivo
não trazem em si o medo, mas trazem a expectativa em relação ao incerto, ao
desconhecido. Exemplo disso seria o nosso medo de uma guerra nuclear. O que nos
apavora é a imagem do imenso cogumelo radioativo, a figura do terror e da
destruição. Ora, uma guerra biológica seria muito mais aterrorizante se fosse
compreendida de forma clara pelas pessoas. Uma bomba nuclear tem seu alcance
limitado pela sua potência, enquanto um vírus não seria visto e portanto, não
poderíamos calcular a exata extensão dos seus danos. Tomemos o caso do HIV. A
AIDS não para de crescer em números de pessoas contaminadas, talvez porque o
horror de uma lesão à mostra nem sempre esteja disponível.
O que mais interessa
nesse capítulo é pensarmos o porquê de o medo nos paralisar. Geralmente os
medos são piores que os fatores que o criaram. Muita gente se surpreende pela
realidade de um vôo em comparação com toda a angústia que o antecedeu.
Cumpre lembrar que na
prática existem dois tipos de medo: o medo racional que deriva da consciência
plena dos riscos que se corre, como no caso de nos depararmos com um cão
raivoso, rosnando para nós. É óbvio que há o risco e todos já vimos ou
experimentamos um ataque.
Por outro lado há o medo
de difícil justificativa, como o medo de trovões. Minha mãe nos colocava a
todos sob uma forte mesa todas as vezes que se ouviam trovões estrondando na
noite. Nunca soube de alguém que tivesse morrido vítima de um trovão. Medo de
barata? Vampiros? Só pode explicar quem sente.
Só para se ter uma ideia,
os hipopótamos matam muito mais pessoas que os temidos tubarões, mas não há
nada como o terrível hipopótamo branco. Bicicletas fazem mais vítimas que
aviões, cerca de 700 vezes mais.
Certa vez um renomado
cirurgião cardiologista americano ouviu a seguinte pergunta durante um
seminário: ” Porque as doenças do coração são a maior causa mortes ?”Ele
respondeu:”Qual seria a sua doença favorita para ocupar o primeiro lugar?”
Obviamente, não é motivo de orgulho para os cardiologistas que o coração esteja
liderando a lista dos óbitos.
Podemos apostar que há
cariocas que nunca foram assaltados, nem atingidos por balas perdidas durante
toda a vida. No entanto, muitos brasileiros trocariam o Rio de Janeiro por uma
cidade menos violenta. Muitas cidades pequenas já tiveram sua amostra de
violência, nem por isso são um lugar ruim. Uma cidade japonesa, sem homicídios
por cinco anos ficou chocada quando um homem, fora de si, esfaqueou alguém que
nem conhecia num mercado.
Como agir diante do medo
passa pelo cuidado inicial de se avalia se esse medo nasce de um perigo real ou
simplesmente é um medo exagerado, sem fundamento prático. Ter medo de avião
pode nos fazer tomar muito cuidado na escolha da companhia, seu histórico e
padrão de qualidade dos aviões. Ou então ir de ônibus ou trem, caso seja
possível.
Mas o que fazer com o
medo irracional, aquele que povoa nossos pesadelos quando dormimos ou, muito
pior, os pesadelos que temos acordados. Por muitas vezes sofri terrivelmente
com dois medos combinados. O medo de meu filho se ferir e o descuido das
pessoas com cães de aspecto aterrorizante, como pitbulls e rotweillers - vale lembrar que qualquer vira-latas pode
ferir gravemente uma pessoa e que há muito mito envolvendo algumas raças - ,
pois bem, toda vez que minha esposa saía com meu filho para um passeio de fim
de tarde, vinha à minha mente o ataque furioso contra meus mais valiosos bens.
Na verdade esse ataque nunca aconteceu e provavelmente não acontecerá.
Essa constatação não
impediu minhas crises de pânico. Nesse caso precisei de ajuda profissional, um
bom neurologista que me aconselhou algo ao simples que me surpreendi. Ele
recomendou que eu me ocupasse com os problemas reais e deixasse de lado o que
não passava de imaginação. Funcionou, mas foi doloroso e demorado o processo,
pois de certa forma nos sentimos bem quando estamos com medo, parece que
ficamos mais receptivos a palavras de conforto e até de concordância com o
absurdo de nossos pavores.
Fiquei chocado quando
soube de uma pessoa que havia tratado uma síndrome do pânico e, depois de
curada, passou a apresenta uma nova forma de pânico: o pânico de ter pânico.
Onde vamos parar? Haverá um limite ou podemos ter pânico ³ ?
Por que o medo nos
apavora tanto? Talvez os medos nos mostrem muito aquém do que gostaríamos de
ser. No fundo, gostaríamos de ser destemidos e admiramos sinceramente os que se
arriscam. Mal sabemos que todos têm seu próprio medo. Provavelmente alguns
pilotos de jatos militares tenham medos inconcebíveis como não conseguir se
declarar a uma mulher, ou mesmo medo de falar em público. Um acrobata só
enfrenta aquilo que não teme, o trapézio. Talvez ele tenha medo de mergulhar ou
medo de noites de tempestade.
Acredito que, se todos
conhecêssemos os medos uns dos outros, não haveria razão para termos vergonha
de nossos medos, por mais ridículos que eles possam parecer. Conheci um sujeito
que defendeu uma tese de doutorado, diante de pós-doutores que pareciam
monstros feitos de sabedoria suprema, com relativa facilidade, ganhou até
elogios dos deuses acadêmicos. Esse mesmo sujeito me confessou que gostaria de
ter coragem para dizer ao pai o quanto o amava, apesar da difícil relação entre
eles. Sei de empresários bem sucedidos que comandam centenas de pessoas com
pulso firme, mas não conseguem conversar com os próprios filhos.
Voltando ao início desse
capítulo, gostaria de recuperar o que diz Drummond: “Em verdade
temos medo.(...)E fomos educados para o medo.”
É
isso mesmo, temos medo, isso é um fato, não somos melhores nem piores que os
outros, nossos medos não são mais ou menos ridículos, são simplesmente nossos
medos, que devem ser pensados, discutidos, se preciso, tratados, mas nunca
ignorados ou vistos como um defeito, uma deficiência. Todo problema ou
dificuldade começa a se resolver a partir do momento que aceitamos a sua
existência de forma tranquila e nos dispomos sinceramente a cooperar para a
solução.
Como
professor vivi vários episódios em que meu trabalho foi para o ralo, aulas
preparadas com carinho e dedicação fracassaram completamente. Alunos jovens e
sedentos por ma disputa de território destruíram completamente o trabalho de um
dia todo.
Tudo
isso começou a mudar quando eu passei a assumir perante a classe que eu não
poderia motivá-los sem que eles cooperassem, passei a falar abertamente do
quanto é frustrante quando não conseguimos executar uma tarefa sob nossa
responsabilidade. Desde que aceitei que não era um professor dos filmes - Ao mestre com carinho – como às vezes
desejamos ser, mas simplesmente alguém com boa vontade e uma necessidade de
colaboração, parece que ficou mais fácil, ou menos assombroso, encarar um grupo de adolescentes com a missão
de levá-los a considerar a leitura como uma opção válida de entretenimento
sadio, concorrendo com a TV, o mp3 e internet.
Imagine
como seria mais fácil para um chefe se tivesse a tranquilidade de dizer a seus
subordinados que ele, chefe, precisa mais deles que eles dele; dizer que seu
posto exige dele a condição de servir ao grupo, não de escravizá-lo; assumir
que seu mais importante papel é conseguir que todos deem o melhor de si para si
, não para ele.