sábado, 3 de novembro de 2012


Capítulo 2 – Por que acreditamos tanto no erro?
"O maior erro que você pode cometer é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum."  W. Shakespeare
                                                                                                                  
Crescemos sempre cercados por adultos, familiares ou não, que nos amam muito, ou não. Mas a melhor hipótese, que somos amados por adultos de nossa família ainda não garante que sejamos educados para a persistência, quase todos os adultos que conhecemos já estavam cansados de errar e, pior, temerosos de tentar novamente.
Daí que ,infelizmente, somos criados para considerarmos em primeiro lugar o erro. Não é por mal que as pessoas nos ensinam a desistir de nossos objetivos, é por amor. Apesar de tudo, não mudar pode ser uma forma de garantir a felicidade que situações estáveis proporcionam na maioria das vezes.
Quando começamos a andar e a querer mais do mundo, as frases que frequentemente ouvimos dos adultos são “cuidado, você cai!”, “Aí faz dodói!”, ou a pior de todas “Deixe que eu faço isso para você!” Lembro muito bem que sempre quis poder fazer um mingau ou uma sopinha de leite com pão, mas ouvia sempre aquele “Você não sabe, não vai conseguir!”.
Ora, cair é fundamental para que se possa levantar, a maioria dos “dodóis” pode ser curada e na maior parte de nossas vidas teremos que viver experiências que ninguém poderá viver por nós. É quando percebemos que não saber está intimamente ligado a não conseguir. E passamos muitos momentos acreditando que somos incapazes simplesmente porque não tentar passou a significar uma forma de não sofrer por não conseguir.
Recordo que, numa ocasião , permiti que meu filho de apenas dois anos subisse em uma cadeira sabendo que ele cairia. Depois do tombo, torcendo para não estar errado, limpei suas lágrimas e disse que não há problema em se cair, mas que  levantar é o mais importante. Depois disso percebi que ele não chorava mais como antes, pois na queda o que dói mais é a vergonha que o ferimento que ela causou.
Se depois de nossas quedas nossos pais nos abraçassem ao invés de nos recriminar pelo fracasso do tombo, não teríamos tanta dificuldade em aceitar que errar, na maioria das vezes, pode ser uma boa forma de se chegar ao  certo, com a válida experiência de quem sabe que errar não é o fim, mas uma exigência de uma nova tentativa.
As conseqüências na vida adulta podem ser, e frequentemente são, a busca do mínimo, desde que seja garantido – a vovó já dizia que é melhor pingar do que secar – em oposição ao que está fora do nosso alcance, incerto.
Ainda bem que para remediar a sabedoria da vovó existiu um poeta maravilhoso, Fernando Pessoa, para nos lembrar que “ Triste de quem vive em casa / Contente com o seu lar / Sem que um sonho, no erguer da asa, / Faça até a mais rubra brasa / Da lareira se alevantar”.
Por que arriscar um novo emprego, que exigiria mais de mim, se estou bem empregado e consigo me manter com o atual salário?
Poucas pessoas acreditariam que não trabalham pelo salário que ganham, mas sim pela satisfação que têm com o trabalho que realizam. Já vimos inúmeros exemplos de pessoas realizadas com tarefas mal remuneradas e socialmente depreciadas, mas que fizeram com que sonhos muito ambiciosos se realizassem – caso de um catador de papel no Rio de Janeiro que arrecadou livros usados e implantou em sua comunidade uma biblioteca, com cerca de cinco mil livros – e garantissem satisfação além daquela obtida por muitos empresários e executivos bem sucedidos financeiramente – nos Estados Unidos preocupa o alto índice de depressão entre executivos que se aposentam milionários e frustrados.
São tempos difíceis são aqueles que matam nas pessoas as suas inquietações e os seus sonhos.

2 comentários:

  1. PARABÉNS PROFESSOR : )
    Suas aulas nos expiram e seu livro muito mais...
    Obrigado pela dedicação, quarta feira só não é ruim porque depois das aulas de física tem você!!! kkkkkkk

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  2. Profº Manoel esse livro é realmente maravilhoso.Fico muito contente de ter perdido nossa aposta...

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