DIAS
MELHORES
“Viver
é muito perigoso” G. Rosa
Manoel Carlos Simões da Silva
Sumário
1- Sinopse
2- Este livro
2- Capítulo 1 – Por que pensamos em dias melhores?
3- Capítulo 2 – Por que acreditamos tanto no erro?
4- Capítulo 3 – E se não der certo? De quem é a culpa?
5- Capítulo 4 – De onde vem a idéia de bom ou ruim?
6- Capítulo 5 – “Aquila non captat muscas”
7- Capítulo 6 – Vexame e Constrangimento
8- Capítulo 7 – Para explicar melhor o anterior
9- Capítulo 8 – Gente do bem, gente do mal
10- Capítulo 9 – O medo de sentir medo
11- Capítulo 10 – Amigos
12- Epílogo
– Vá cuidar da sua vida
Sinopse
“Que Stendhal confessasse haver
escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O
que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver
os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez.
Dez? Talvez cinco”. M. de Assis
Quem desejar ler este
livro não vai encontrar aqui nada de novo. Nem palavras, nem idéias, nem
imagens ou histórias. Nada se criou, mas algo se pensou sobre o que já existe. Afinal cada homem deve
encontrar seu caminho, que não se confunde com o de nenhum outro homem. Este
livro é uma experiência de uma busca, uma tentativa, uma esperança.
Se não há nada de novo,
então trata-se de um plágio, uma simples reprodução de algo
que já foi feito. Quando se reproduz algo, não há necessidade de se pensar
sobre isso, quando se reelabora algo a partir de uma reflexão o que já existe,
não há reprodução, há uma releitura, uma forma especial e particular de se ver
o que já foi visto.
Entendo que as experiências
podem ser as mesmas, mas o resultado que obtemos com elas varia de acordo com o
nosso modo de usá-las. Uma mesma situação pode ser extremamente positiva para
uns e uma verdadeira tragédia para outros. Muita gente á agradeceu a Deus por
ter perdido um ônibus ou um avião quando soube do acidente pelo noticiário.
Uma perda, por exemplo,
pode significar um grande prejuízo, mas também pode significar que uma nova situação
se impõe, uma nova forma de percepção se faz necessária. Não há como sabermos
se um fato é bom ou ruim até que possamos viver seus desdobramentos. Haja
paciência para isso.
Este livro, caro leitor,
pretende levá-lo a refletir sobre as vantagens de treinar sua paciência.
Este livro
“Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito
trabalho”. C. Lispector
Nunca nos imaginamos
capazes de fazer algo tão desafiador como escrever um livro, não importa o
objetivo pretendido. Nossos medos não nasceram em nós, foram transferidos para
nós à medida que fomos crescendo. Sempre tive medo de escrever, mas muitos
acreditam que o trabalho de escrever se impõe para todos aqueles que acreditam ter
algo a dizer.
Penso que aqui, nestas
páginas, posso mostrar as experiências que me levaram a crer que é
possível nos mantermos vivos,
preservando nossa integridade humana, apesar de tudo à nossa volta parecer nos
convencer do contrário.
Pelo que tenho vivido,
visto e observado, enquanto alguém que questiona e quer entender essa confusa
existência, compreendi que os horrores que vemos hoje – pais que matam filhos,
filhos que matam pais - existem desde que tudo começou – Caim foi o
primeiro assassino de nossa longa história - e nem por isso deixamos de existir
e, convenhamos, melhorar um pouco nosso modo de ser.
Não se trata obviamente
de fazer de conta que tudo está bem apesar dos problemas, mas de aceitar que os
problemas podem ser um abismo ou uma ponte. Se forem um abismo, continuaremos
como a maioria das pessoas, reclamando do que não conseguem ser ou realizar. Um
abismo, por si só, é um impedimento,
intransponível.
Por outro lado se os
problemas forem percebidos como pontes, eles podem ser colocados de modo a nos
permitir mudanças que não seriam possíveis sem que os problemas se colocassem. Apesar
da dificuldade natural de pensarmos um problema como algo do qual se pode construir, se não revermos esses conceitos,
perderemos a oportunidade de repensar
nossos caminhos e nossas opções.
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